- O Espírito é um pássaro? – perguntava ao professor um aluno distraído.
- Não – respondeu o mestre.
Certamente que sobrevoa as nossas cabeças e ideias e, ao agitar as asas, bate à porta dos corações.
Mas evitará a mais sofisticada escopeta, escapará a qualquer armadilha e evadir-se-á da mais segura prisão.
São as suas mensagens de paz e de serena liberdade que provocam a ilusão que confunde a pomba com o Espírito.
- É o Espírito um fogo? – foi a Segunda pergunta.
- Tão pouco – disse o mestre.
Bem, é verdade que é capaz de fazer saltar do lugar o cristão acomodado, derretendo como gelo os lábios atrofiados, os sentimentos frouxos, os corações reprimidos: todo o estagnado ou seco.
Mas não é um fogo indiscriminado que impeça que dele nos abeiremos.
À sua passagem não ficam só cinzas, fica calor e tibieza, brasido e resplendor e, por isso, confundiram o fogo com o Espírito.
- O Espírito é um vento? – esperava o aluno ter acertado desta vez.
- Quiçá! – duvidou desta vez o mestre.
Pois como a brisa refresca e como um furacão agita.
Não há muros que o controlem e outras vezes nem se dá por ele.
Como o vento é inapreensível e escapa-se por entre os dedos; quando quer sopra ou aquieta-se, mas também não é o vento.
- Então, que é o Espírito?
- Amor! – e o mestre pôs ponto final na questão.
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